sexta-feira, 2 de setembro de 2011

DO FOLCLORE À MUSICALIZAÇÃO É SUCESSO DE MONTÃO









Quando criança, aprendi assim a parlenda da festa do tatu:

João pica pau
Maria mexe o angu
Tereza põe a mesa
Para a festa do tatu.

Certo dia, olhando para esses dizeres, fiquei me perguntando, qual teria sido a origem de tudo isso? – Por que João, Maria e Tereza estariam trabalhando numa festa para o tatu?
Que eu saiba, tatu vive num buraco que mal dá para ele se introduzir. - Como Tereza poria a mesa nessa casa? – Por que o prato principal seria o angu?
Por que tantas crianças da minha época cantaram sem contestação nenhuma essa e tantas outras e se divertiam a valer com isso? Ai, lembrei-me:
O folclore é o terreno fértil para a germinação de manifestações musicais. O folclore é generoso, admite a apropriação, aceita a adaptação, está sempre propenso a voltar à origem, ao mesmo tempo em que está aberto a metamorfosear-se para um elemento inédito.
Não tive dúvidas. Pedi licença ao folclore para esticar essa parlenda e transformá-la numa bem humorada ciranda com intuito de aplicá-la na educação infantil. Tentei dar sentido aos dizeres da parlenda e ficou assim:

A FESTA DO TATU

Alegres caminhando
Vamos à floresta
Na casa do tatu
Haverá uma grande festa

João, pica pau,
Maria mexe o angu.
Tereza põe a mesa
Para a festa do tatu.

Buraco no chão
É a casa do tatu
É muito apertada
E escura pra chuchu

Grita João,
Tereza e Maria,
Vamos dar no pé
Que esta festa é uma fria...

Eu achei que ficou tão legal. Mas, e as crianças gostariam também? – Resolvi testar na prática. Fui até a Escola Municipal Interventor Noraldino Lima, onde sabia existir em curso um trabalho de musicalização nos primeiros anos do Ensino Fundamental.
Solicitei à Diretora que me permitisse fazer um experimento com alguns de seus alunos na interpretação da nova ciranda.
Tendo recebido a permissão e disponibilizados 7 alunos, distribuí-lhes as letras da ciranda e cantei com eles uma única vez, aprenderam e adoraram. Fomos para a fase da gravação em vídeo, quando já cantaram de cor e combinando com movimentos corporais inventados ali na hora.
Eu não os conhecia e nem eles a mim. A música fez de nós uma equipe em poucos instantes.